O lugar da noite

Corro pelo prado da monotonia, onde me canso de cair
Navego num mar de emoções, que desconheço
Acordo soado, cansado, fraco, triste, usado
Levanto-me devagar mas caio de novo
Caio com a cabeça a arder num feno de desconforto
Um feno de palha suja e intragável para os animais
Falo com as estrelas, com a lua e com as nuvens
Compreendem-me e não respondem aos meus apelos
Espero pelo anjo da noite que me deixa dormir
Mas ele não chega e fico acordado, só, acordado
Viro-me então na cama para o lado esquerdo
E vejo alguns amigos que desconheço
Viro-me para o lado direito e vejo-me a mim, um desconhecido
Fujo então para aquele local que só eu conheço
Aquele sitio que não sei onde fica e onde me sinto bem
Vou pela curva do arco-íris e revejo as minhas amigas brilhantes
Elas dizem-me adeus e fazem-me pensar em nada
E em nada penso o que nada sinto do que nada vivi
E ouvindo o silêncio dos meus pensamentos, fecho os olhos
Adormeço então rodeado de um vazio que me atormenta
Tentando sonhar o que nunca sonhei e queria viver
Sonho toda a minha vida e não sonho nada
Como uma estrada sem saída ou um caminho sem direcção
E os pesadelos que me perseguem de dia, materializam-se
Pois a noite sempre foi e sempre será a fuga mais fácil
E o dia é um inferno que nos castiga prontamente e sem piedade
Dou um passo depois do outro, e vou aprendendo a andar
Devagar para não cair, para não me magoar, para não sofrer
Mas chegada a noite, não fui muito longe com os meus passos
E penso se não seria melhor correr, para à noite mais depressa chegar
Talvez assim a calma e serena noite durasse mais tempo
E quem sabe, se correr rápido o suficiente e lá chegue para ficar
E eu possa, por fim, sonhar, descançar, e dormir eternamente.
1 Comments:
este foi bastante dificil de comentar, confesso. dos mais bonitos que aqui deixaste. adoro a forma simples como colocas as coisas e sobretudo a tranquilidade que transparece msm qd há nuvens negras. desculpa não ter mto p dizer mas qd gostamos msm d algo é assim.
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