Ramos evolucionários

Rita é uma rapariga modesta, acabou um licensiamento em Sociologia, e acabara de entrar para uma multinacional Norte Americana para os recursos humanos. Bem cedo se evidenciaram as suas aptidões profissionais. Ela lidava muito com os homens como com as mulheres, mas era, talvez, a única mulher que não era assediada nessa empresa, sendo ela uma das mais bonitas. O seu profissionalismo e simpatia realçavam no que há de melhor nos homens, ninguém a cobiçava. Claro que comentavam que ela era de facto muito bonita, mas o que é certo é que adoravam tanto tê-la como colega que nem se aprecebiam que de ela não falavam com aquela conversa de trolha das obras.
Na mesma empresa trabalhava um rapaz simples, do mais simples que há, o Pedro era um estagiário que entrara na empresa pela porta das traseiras. Ele era um autodidata, tinha apenas o 12º ano, mas na entrevista para a empresa revelou um conhecimento tal que decidiram contratá-lo. Ele estava na informática, tratava dos problemazitos que ninguém mais da informática queria resolver, e como era o mais novo tanto de idade como na empresa e também porque era um apaixonado nato em tudo o que fazia, lá ia Pedro ao socorro.
Conheceram-se quando o computador da Rita “crachou”, era o termo que usavam na informática lá da empresa, e como era uma situação que podia levar bastantes minutos a resolver, lá foi Pedro para o salvamento, visto mais nenhum dos seus colegas quis ir. Pedro não se limitou a resolver o problema, como ainda explicou a Rita o que devia e o que não devia fazer com o computador para que este se mantivesse saudável durante mais tempo. Ela agradeceu a ajuda e despediu-se do rapaz. Ficou no entanto com uma optima impressão dele.
Começaram então a cumprimentar-se de manha, e mais tarde a trocar olhares nos corredores e no refeitório. Sentiam-se, tanto um como o outro, um pouco estranhos na presença do outro, mas ao mesmo tempo ansiavam quando sabiam que se iam ver, nem que fosse só por passagem numa fracção de segundos.
Certa manhã, Pedro teve que ir aos recursos humanos para instalar um software num computador do António, um colega da Rita, e enquando o António olhava admirado para o que Pedro fazia-lhe ao computador, este não parava de trocar olhares com a Rita. No final Pedro começou a explicar como se usava o programa e alguns colegas dos recursos humanos se juntaram para ouvir tal explicação tão exclarecedora. Entre as pessoas presentes estava, claro, Rita que nem olhava para o grande e caríssimo monitor, era a unica que estava a olhar para um Pedro que ao contrário dos outros dias, que até passava desprecebido, estava com uma enorme aura à sua volta, de tal forma que começaram a tratar-lhe por senhor Pedro, e até o Augusto, um velhote simpático que já trabalhava na empresa há décadas, começou a chamar-lhe o super Pedro, porque sempre que ele aparecia o computador deixava de ser um alienígena pronto a destruir o planeta, para se transformar num companheiro de trabalho essensial.
Os dias e as semanas iam passando e Pedro e Rita estavam cada vez mais próximos, conversavam sempre que podiam e claro, viam-se muito mais vezes do que podiam, no entanto as suas tarefas na empresa não foram de forma alguma negligenciadas. Houve um dia que Rita, que era muito mais directa que Pedro, convidou-o para irem beber um copo e conversarem fora da empresa, e talvez conhecerem-se um pouco melhor. O coração dele acelerou e algum calor infiltrou-se na sua barriga, por baixo de todas aquelas camisolas que o protegiam do frio que se fazia sentir naquele dia de Janeiro. Pedro aceitou a proposta prontamente.
Vagueando na penumbra de uma realidade destrocida pelo amachucar da fronha nas penas da almofada. Ela deixa descubrir a tão sedosa pele da perna esquerda enquanto se ajeita numa posição de maior conforto para si e para o seu sono profundo e singelo.
Toca o telemóvel e ela faz uma careta caracteristica de quem sabe que ainda não é hora de acordar, dá meia volta sobre si mesma e ensonada vê o numero, num ápice suas pálpebras se abrem e todo seu corpo desperta ao sentir um enorme arrepio, um termer que lhe causa enumeras bolinhas na pele, minúsculas bolinhas de arrepio.
Estamos obviamente a falar de tempos modernos, relativamente recentes, já ninguém telefona assim sem mais nem menos, era portanto um sms dele. Ela tirou rapidamente o telemóvel e levantou-se um pouco, o que lhe fez soltar um suspiro de saudade.
Algum barulho do lado de fora da janela do quarto, a claridade a bater nos olhos fechados para o mundo real.
No seu sono vislumbrava uma moça bastante bela, com um olhar que penetrava sua alma como umas facas, o ar lhe faltava e o seu coração acelerava, pingas de suor lhe escorriam no rosto. Ao abrir de facto os olhos ainda se sentia embriagado pela moça do sonho que afinal ele conhecia. Decidiu escrever-lhe. Primeiro pensou um a carta, “Perfumada e tudo” pensou. Mas logo desistiu de tal ideia, tinha de ser algo que fosse mais rápido, mais simples e no entanto mais sentido, não era a primeira vez que lhe enviava um sms de bons dias, desta vez tinha de ser diferente.
Eram amigos mas ele sentia-se invadido por uma terrivel saudade, mesmo sabendo com certeza que se tinham visto e falado no dia anterior.
- “És a eternidade que amanhece o maior breu, mais negro das noites num coração magoado como é o meu, bom dia mar”
Ele começou a chamar-lhe de mar, devido à imensidão da sua beleza, e também ao mistério de sua alma. Ela não sabia as suas razões mas adorava ouvi-lo dizer, “Olá mar”, significava que estava perto e que o podia ver, lhe podia falar, o resto não importava.
Escrito numa noite louca de pseudo-trabalho no Clix, localizado perto do ElCorteInglés. Agora já não haverá desvaneiois destes, visto estar no lumiar, onde tenho net e messenger. oh yeahh |