quarta-feira, janeiro 11, 2006

Pedras


Quem sabe do passado, do presente e saberá muito mais do futuro do que aquilo que alguma vez possamos sonhar? Quem vio passar dinossauros, romanos, gregos, egipcios? Quem combateu ao lado de mouros e cavaleiros? Quem serviu dragões e os viu morrer pelo aço de espadas forjadas pela ignorância?
As pedras que hoje tão ignorantemente pisamos, que tão arrogantemente ignoramos, são velhas combatentes de tempos remotos, e sabem, e conhecem tudo sobre a nossa evolução. Só elas têm segredos que a raça humana procura à seculos, e tem teorias, mas nunca saberá ao certo a verdade, pois as pedras são boas ouvintes.
Outrora cavaleiros e monstros míticos, lhes confessaram seus segredos, suas máguas e angústias, e todos morreram, muitos morreram e deixaram para trás segredos, enigmas que nunca foram espalhados ao vento pelas pedras, que tão bem guardam o que nós procuramos tão incessantemente. Elas são boas conselheiras, pois são sábias, as únicas sábias neste mundo ingorante dominado, ou auto-proclamado dominado pela raça humana.
Dizemos que é o nosso planeta, o nosso mundo, mas não o é. Este mundo é dos minerais que compõem as pedras, que tão sábiamente se mantiveram caladas durante milhões de anos, e sempre se irão manter assim, pois elas vivem e sobrevivem a gerações e gerações de espécies, e sempre estarão cá para suportar as asneiras das raças que por cá passaram e se estinguiram, e para suportar aqueles que hão-de vir.
Ás vezes, quero ser uma pedra e deixar o quase nulo conhecimento que vou assimilando ao longo da vida, e dessa forma tornar-me imortal, mas se assim for, nunca evoluirei. Dá que pensar naquilo que será melhor para uma raça. Se evoluir o mais possível até à extinção ou viver eternamente, sempre no mesmo estado, sempre no mesmo degrau.
Sejamos então um misto, e até agora somos a espécie evolutiva mais parecida com as pedras, mas no entanto mais longínqua, não somos individualmente imortais, mas no nosso conjunto quem sabe...