quarta-feira, dezembro 21, 2005

Confidencialidades


Os passos são lentos e cansados
Os olhares distantes mas penetrantes
Os arrepios não são de frio, não são de medo
Os lábios sempre entreabertos...

As portas fecham-se mas outras abrem-se
Os vidros estão salpicados da chuva
As gotas são finas e cortantes
Não molham muito, mas sabem tão bem...

E os olhares cruzam-se nas sobras das árvores
E as peles tocam-se, acariciam-se
As faces sorriem, já se vêm dentes
As mãos matreiras aventuram-se...

Abrem-se caminhos por entre o desconhecido
As faces coradas traçam linhas de felicidade
As árvores conselheiras ajudam na confidência
As papoilas abanam com o vento, alegres...

O vento era fraco, mas fazia mexer os cabelos
A chuva refrescava porque estava calor
Pernas entrelaçadas, lábios cruzados
E mais uma vitória para a natureza...

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Início


Dar o primeiro passo. Beijar pela primeira vez. Primeira desilusão amorosa. Primeiro dia de aulas. Todos estes são exemplos das primeiras vezes que tanto custam, que tão difícil são de superar. Após a primeira experiência seja no que for, tudo se torna mais fácil, melhor, e com o tempo ficamos bons, seja no que for. A vida está replecta de primeiras vezes, e ao passarmos por essas primeiras vezes, tornamo-nos experientes, nunca sábios, mas sabidos. Aprendemos o que nos falta aprender, e temos vontade de saber o que mais há a aprender.
No início tudo é cor-de-rosa. A paixão, a amizade, o novo jogo da consola. Deixamos passar uns bons meses e aprendemos o que é realmente bom, o que realmente interessa. Aguenta um relacionamento por mais de oito meses e digo-te se tem bases para durar outros oito.
A verdade é que temos sempre tendência de gastar tudo logo desde o início, seja o dinheiro, as ideias, o amor e até o ódio. E depois, o que é que nos resta? O que é que sobra? Nada. Não sobra nada. Gasta-se tudo em dois segundos. Nenhum prazer é eterno, mas temos de fazer força para o fazer durar po mais possível, e para isso não o podemos gastar todo no início.
O início pode ser fatal, como também pode ser o maior fundamento, o maior alicerce seja do que for...

Início: Tema lançado por Polly Maggoo

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Tácticas


O olhar centrado do lobo por entre a folhagem seca
A presa distraida num almoço prolongado
Nada suspeitando, nada sabendo, come-se
E o lobo dá passos invisiveis, passos curtos e longos

Uma orelha no ar, um nariz sensível, recua o lobo
Recua a presa, olha em volta, perigo nulo, aparente
Com dois passos trocados o lobo desvia o seu indício
A suspeita desvanece-se, o lobo suspita e cerca a presa

Mergulhando os olhos o nariz e as orelhas naquele almoço fatal
A presa adormeçe numa inércia ingénua sobre o seu almoço
Mastiga duas e três vezes a mesma coisa, a preguiçosa
E a musica da mortandade começa com o passo malvado do lobo