terça-feira, fevereiro 07, 2006

Hoje não me soube a pouco


Conheci uma munina no quarto minguante, na rua sete para ser mais exacto. Ela encantou-me com o seu vermelho vivo, e com o vivo do seu ser. Levei-a a passear pelo céu estrelado, deitámo-nos nas suaves nuvens de algodão. Fiquei encadeado com o brilho do seu sorriso, a sua presença quase ia apagando o sol, que me disse para a levar a passear à noite, visto ele não ser capaz de competir com tal oponente.
Dias depois comecei a ir vê-la à curva do arco-íris, e para entrar não era preciso roupa a condizer, nem sapatos de vela, nem gravata, era necesário apenas fechar os olhos, foram momentos difíceis, visto ser complicado navegar de olhos fechados por entre uma ventania de ondas e terras desconhecidas, mas sempre a encontrei. E sempre com a miha janela aberta a visitei, acho que ela gostou das minhas visitas, e eu também, mas desta vez soube-me a pouco.
No dia H, vi-a novamente. Não vou mentir, posso ter muitos defeitos, mas não sou mentiroso. Tremi. Olhei de lado. Não dei nas vistas. Foi um castigo, pois a minha vontade era viver os momentos do arco-íris aqui mesmo na terra das mulheres com bigode e dos homens gordos de maçãs-do-rosto rosadas, e mesmo aqui consumir todos os dias de olhos fechados, num só momento.
Descobri há uns tempos atrás que não é só com beijos e papas de leite que se mantém alguém no nosso coração. Quando temos alguém no nosso lado esquerdo, temos de deixar sempre a porta encostada, a janela aberta, e poucas mobilias, para que a munina tenha espaço, fiz isso, mas hoje soube-me a pouco. Dei-lhe beijos mas poucas papas de leite, assim não dá para alimentar alguém que vive no nosso peito, e por isso hoje soube-te a pouco.
Falar, sorrir, tocar, sentir, calar, escrever, demonstrar, só uma destas ou duas sabe definitivamente a pouco. Dar-te-ei tudo, e lutarei, mas sempre com a janela aberta, sei que não vais fugir.
Vamos cantar juntos minha querida, vamos ver o por do sol juntos minha querida, vamo-nos cuidar um do outro minha querida, vamos viver contentes, alegres e confiantes, e claro, bonitos, porque senão sabe-nos a pouco.
És pitosga, vampira, gata, tonta e directa. O que para muitos podem ser defeitos, para mim são os defeitos que me atam ao chão, e por eles e por muitas outras coisas gosto de ti. Por seres quem és, uma gata pitosga com olhar capaz de matar, mas com um sorriso capaz de aquecer o mais frio dos corações, por isso te adoro. Gosto de ti por que tu és tu.
Alguma dúvida?

The big bad wolf is back be afraid ou não....