terça-feira, novembro 22, 2005

A estrada do (in)sucesso

A estrada segue, mesmo quando aqueles que mais nos são familiares se tornam desconhecidos, e os desconhecidos parecem-nos bem. Somos levados por entre encruzilhadas, cruzamentos e rotundas e escolhemos o caminho errado, no meio de caminhos certos. Não vamos ter a lado nenhum quando os poliícias sinaleiros nos fazem enganar no caminho, quando os nossos guias espirituais nos enganam, quando os nossos "role models" cometem loucuras de uma estupides estonteante. Qando todos os senãos nos aparecem à frente dos faróis da loucura, podemos mesmo chegar a pensar que será esse o caminho certo, o caminho a seguir. Mas não, não é assim que cativamos o outro, não é assim que seremos respeitados, que seremos queridos no seio de algo virtualmente bom. Virtualmente pois somos levados a pensar que quem nos dá a vida tem o direito de a guiar, pois não é bem assim. Por vezes os modelos que temos teoricamente de seguir, são aqueles que fazem aquilo que nos faz pensar duas vezes e por vezes três. "Não sou assim", "Não quero ser assim", tenho medo de, involuntáriamente, te seguir. Não sabes o caminho, encosta na berma, atira-te do precipício, sa´-me da frente não te quero seguir, não sou assim. Sou melhor que isso, não quero dizer que sou melhor ou pior que tu, isso não existe, sou apenas diferente, pois se o pecado matasse estaria-mos todos a arder os confins do inferno. Não é isso que está em jogo, mas um ideal que se cria ao longo de vários anos e que se desmorona em segundos. Não quero mais olhar para ti, não és o meu heroi. Para quem olharei agora? Quem me guia nesta estrada esburacada, nesta estrada do insucesso? Ninguém? Parece que vou ter que escolher o meu próprio caminho, muitos o fazem e dão-se mal. Vou dar-me bem, pois basta-me fazer tudo aquilo que tu nunca fizeste e nunca fazer aquilo que sempre fizeste.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Pensar é um previlégio


Correndo pelas entranhas de um deserto quente, banhado por um magestoso sol que tudo vê, tudo escuta. Estou plenamente satisfeito com a tua vida. Uma vida buémia à frente da televisão, a ver reality shows, telenovelas e aquelas comédias que passam à hora das refeições.
Devo dizer que chegarias a idoso, que morrerias com idade avançada se eu me alimentasse dos cérebros ou da inteligência das pessoas. Sabes de cor a vida dos pseudo-famosos que podemos ver na caixinha do lixo. Mas se te perguntar quem achas que vai ganhar as eleições, nem os candidatos me sabes dizer quem são.
Falas mal de todos os problemas quando tu não consegues reciclar e ainda por cima atiras a beata pela janela do carro, carro que conduzes a 80km/h dentro de uma localidade. És parado pela polícia, mas por uns meros 50€ safas-te da multa ou mesmo de ficares sem carta, visto ires a conduzir embriagado.
Falas mal de nós jovens, mas esqueces-te que também cantas fado quando estás com aqueles a quem chamas amigos mas criticas quando não estão a olhar. Dizes palavrões sem motivo, gritas porque te apetece, assustas todos, serves o teu prato primeiro e ainda tens o desplante de chamar nomes ao governante que é tão humano como tu. São tão parecidoa vocês. Acho que podiam ser irmãos, quase. Acho mesmo que te podias candidatar, se tivesses cérebro, ou ao menos se te desses ao trabalho de o usares.
Mas mesmo após isto tudo, gosto quando dizes que não sou igual a ti e mesmo quando me chamas ovelha negra. Ao menos não faço parte do rebanho.
Sou como uma saqueta de chá, só tenho valor uma vez. Mas quando tenho não é em meu proveito directo...

sábado, novembro 05, 2005

Mundinho (o meu)


Sinto dentro de mim uma enorme energia, que necessito expelir do meu sistema, do meu corpo. Exercito-me, jogo futebol e através do suor que escorre pela minha face, através dos meus músculos contraidos, atinjo aquele alívio tão esperado. Um alívio que me faz ficar cansado e com vontade de dormir, que me traz vontade de descançar, de repousar e serenamente encerro a minha visão para uma paz de espírito, um aconchego merecido.
Este é um tipo de necessidade que tenho e que com facilidade consigo aliviar, satisfazer, saciar. Outra necessidade é a fome, a sede. Estas também são fáceis de controlar. Basta-me apenas encontrar algo comestível, algo potável, porque graças a Deus tenho isso tudo disponível.
No fundo, as necessidades que tenho e que estão de certa forma, inerentes à condição humana, são relativamente fáceis de contronar. No entanto existe um senão, existe sempre um senão, uma contrapartida, uma lei estúpida ou uma regra de etiqueta, uma directiva muito ´difícil de ser esquecida, de ser posta de lado, falo de um mundinho isolado no meio de tudo o que é absurdamente vulgar. Este mundinho contém dentro dele tudo o que dá significado à vida, este mundinho contém, no fundo, a própria condição humana. O mun dinho está dentro de nós e tudo o que ele tem dentro dele, transmite quem somos nós. Humanos, capazes de sentir, chorar, sorrir, viver.
Eu tenho dentro de mim, como todos nós, muitos sentimentos guardados nesse mundinho, muitos sentimentos que também, e à semelhança da energia, têm de sair cá para fora, para fora das muralhas dessa fortaleza que é o mundinho. Mas esses sentimentos por vezes tardam em sair, tardam a ser traduzidos em palavras, em gestos, em olhares, em palavras. Por vezes só mesmo as palavras, escritas numa manhã escura de verão, com uma caneta de carvão, numa folha salpicada do jantar de ontem à tarde, são escritas traduzindo alguns sentimentos. Mas são escritas de uma forma estupidamente sublime, que faz com que ninguém perceba que também sou gente, e por vezes nem eu sei que sou gente, que sinto, que sofro, que morro de amores pelo reflexo do espelho quando não emoldura o meu retrato. Mas sou de carne e osso, tenho um mundinho como todos têm, e preciso, como todos, espalhar todo o meu interior, todo o meu mundo.
E sentimentos tais como o amor, o ódio, a dor, a mágoa, a felicidade, o ciúme, o sorriso, o calor humano, a amizade, a angelicalidade, a tontice, o humor, a criancice, a seriedade, não são totalmente exteriorizados, não são totalmente revelados, não são totalmente demonstrados. Por vezes têm mesmo de ser racionalizados e pensados, tornando-os destrocidos e banais.
É através da escrita, que mesmo não sendo a minha vocação (como se tal coisa existisse) é uma espécie de paixão, que melhor me exprimo, mas é através das acções que melhor me entendem, que melhor faço passar o meu testemunho sentimental e interiorizado para o exterior. Por isso se me queres conhecer, se queres ver o meu mundo, não me peças para o demonstrar, para te dizer, pede-me antes para to escrever.
Uma palavra pode não valer muito, um gesto pode valer mil palavras, mas um sorriso do lado esquerdo do coração faz com que a vida tenha mais cor, e que tenhamos vontade de sorrir de volta. Por isso mais vale uma folha com mil palavras do que um coração tristonho.

*~Pensamentos de um lobo~*

lobito